terça-feira, 27 de julho de 2010

Acordei

Hoje acordei, acordei pensando nas intervenções..Li novamente tudo que postei aqui neste blog, que bom que ele existe...Pensei no sentido deste trabalho, estou pensando e que bom que ele existe, que bom que não desisti dele e que hoje ele faz parte da minha rotina...As imagens, sons, pessoas que participaram das intervenções ficam comigo em sensações e lembranças.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Intervenção no tubo Carlos Gomes


Segunda-feira (26-07) ás 11h
Saio de vestido roxo. Ele não chama tanta atenção quanto o salmão. Penso e repenso sobre ir de salto ou não. Saio de salto.
Chego e que bom, o fiscal está ciente do trabalho e logo começo.
Ali é um novo lugar para meu corpo que intérvem no espaço, tem tubo para desembarque e separadamente tubo para embarque. O fluxo dos transeuntes é menor, porém o tubo fica na Praça e muitas pessoas passam por ali, umas ficaram sentadas no banco observando e interagindo durante toda a intervenção que durou 30 min.
Hoje, o improviso se deu de forma muito particular pois em alguns momentos me senti atuando. Uma personagem. Uma mulher a procura de algo. Hora feliz, muito feliz. E derrepente uma sensação de abandono, perda. Padrões de beleza passaram pelo meu corpo, pelo meu movimento. Formas corporais e pausas foram constantes. Olhares sensuais. Sedução esteve presente na improvisação.
Indiferença olhar da criança que brilha conversa no banco Que legal isso que você faz!Gostei!Quando tem de novo? Que bonito! piscada de velho mão abaixo do queixo, passos de dança de salão, lembrei das aulas do Jaime AroxÂ, fui contaminada pela final da Dança dos Famosos, dancei valsa, pagode - o som da loja na frente do tubo invadiu minha mente e meu movimento - tive vontade de sambar, não sambei, pensei Qual é realmente o foco deste trabalho?É o BELO? ELE - O BELO é realmente necessário aqui ou ele é só mais um estímulo como todos os outros presentes no tubo? Ou ELE é um pensamento de estética, linguagem ou algo assim, uma preocupação permanente flutuante? Experimento diversos movimentos a partir do impulso da estrutura do tubo, fico com vntade de intervir de tênis e utilizar mais essa estrutura, ousar, surpreender, causar de maneira... (bem não sei) vou pensar nisso nas próximas intervenções. Dúvidas?Questões? É bom mover!Muito bom! As sensações, impressões permanecem no corpo.

Impressões da intervenção na Estação Central


23 de Julho de 2010 ás 15h na Estação Central sentido Term. Capão Raso
Que figurino usar?Vestido salmão?Vestido roxo?Calça, blusa e all star?Saia jeans (já foi usada em diversas intervenções).
Decido ir de vestido salmão pois em uma das respostas sobre o quê é belo, alguém respondeu: Mulher de vestido, desabrochar de rosas rosas...
Saio da minha casa, caminho até a Estação Central, é perto, as pessoas olham. Estranho uma mulher de vestido de festa salmão caminhando a tarde.
Chego, o cobrador não deixa eu entrar pois o fiscal foi tomar um cafézinho, espero o cobrador, perco 15 min. ali aguardando. Observo e sou observada no meio de tantas pessoas que entram e saem daquele tubo transparente. Uma criança: Mamãe que moça bonita!(sorrimos). O cobrador faz várias perguntas ansioso e curioso pelo o que vai acontecer. O fiscal chega, diz que não sabe de nada, embora eu esteja com a autorização da URBS na mão, ele liga e diz OK. Eu entro, caminho lentamente, as pessoas olham, sinto vontade de sorrir, sorrir sempre. As vendedoras da loja em frente o tubo saem para a porta, batem palma, eu me movo para um lado para o outro, movimento os braços, muitas vezes os braços, sinto dificuldade de dançar com o salto (primeira vez que danço de salto), o chão tem buracos, não desliza, enfim continuo...giro, caminho, abaixo, levanto, movo conforme sou influenciada, sons, fluxo, rostos, partes do corpo e o belo, as respostas do que é belo passam pela minha mente invadindo o meu movimento - Lolo, velho sentado no banco da praça, minha mãe, tudo o que me toca, meu cachorrinho acordando com cara de quem quer ficar mais na cama, as coisas do coração, tomar sorvete em dia quente, criança - eu danço, danço, danço...compartilho sorrisos...meninas dentro do ônibus parado no tubo da frente gritam lindaaaaaaa, fico surpresa, elas tiram foto e dançam dentro do ônibus. Paro, olho, sinto, sinto o vento, muito vento que balança o vestido, o vestido salmão que escolhi para intervir naquele espaço no dia de hoje. O barulho, o barulho dos carros, das pessoas, dos ônibus, vozes, passos, mecher na sacola, catraca e olhos em dúvida. Olhos que olham enquanto eu não olho, olhos que olham para os meus olhos, olhos que querem olhar mais só olham quando entram no ônibus, olhos dos ônibus, olhos da rua, das lojas, dos carros. Vejo crianças no tubo da frente me imitando enquanto meu corpo se move meio todos esses acontecimentos, sensações, emoções. Eles dançam, sim algumas pessoas experimentam algum movimento diferente enquanto compartilham comigo e com os outros aquele momento de movimento. Paro, observo, dou e recebo sorrisos, respiro, caminho e saio. Agradeço o cobrador engraçadão que falou sobre durante toda a intervenção, o fiscal e caminho até minha casa.

Histórico da pesquisa artística



Em 2007, cursando Licenciatura em Teatro na FAP - Faculdade de Artes do Paraná, surgiu o interesse pelas estações-tubo de Curitiba. Aquelas coisas grandes, transparentes, mutáveis, hora lotado, hora um vazio que te engolhe.
Então, nasceu o primeiro trabalho Casa_Estrada_Eu, na estação-tubo Agrárias.
Algum tempo adormecido, em 2009, o tubo vira motivação para a criação e improviação em Dança Contemporânea e o pensamento acerca do corpo em movimento.
Ainda em 2009, o Projeto Rastros - intervenção cênica urbana, integra a programação da Mostra Sesc de Artes Universitárias no tubo Visconde de Nácar e o Festival de Cultura do Paraná na Estação Central. E, bexigas coloridas são incluídas no trabalho deixando rastros do corpo que dança nas estações-tubo.
Agora em 2010, contemplado pelo Edital de Pesquisa em Dança Contemporânea da Fundação Cultural de Curitiba, Rastros está sendo pesquisado, explorado, discutido e improvisado na Casa Hoffmann - centro de estudo do movimento e em diversos tubos de Curitiba e viadutos de São Paulo.