quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

LEVANTE

SELECIONADA PARA O CURSO DE DANÇA-TEATRO EM PAISAGENS URBANAS NO LEVANTE - CENTRO INTEGRADO DE ARTES E DANÇA EM ESPAÇOS URBANOS.

E VAMOS QUE VAMOS A EXPERIMENTAÇÃO DO CORPO NO ESPAÇO URBANO EM 2011

sábado, 2 de outubro de 2010

SARAU NA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO SALGUEIRO

Logo irei retornar a um lugar que foi muito importante em um periodo dificil da minha vida. Um lugar onde há pessoas simples, carinhosas, sorridentes, guerreiras e audaciosas.
Onde alegrei e fui alegrada. Ensinei e fui ensinada. Dançei, acreditei e ensinei a dançar.

Volto hoje a Associação de Moradores do Salgueiro com o trabalho RASTROS.

Produzindo um videodança

28/09 - 10h30 ás 12h30 intervenção cênica no viaduto da Al. Dr. Muricy e na Estação-tubo Praça Carlos Gomes.
No viaduto - vento, transito, pessoas, motoristas e passageiros de carros, caminhões, motoqueiros, comerciantes do estacionamento, do salão de beleza e lixeiros. Um fotógrafo. Fotografava os grafites do muro da Facinter. Enquanto eu dançava, observava sua ação que naquele instante também era uma intervenção urbana, pois no meio de tantas coisas acontecendo, lá estava ele, parado, com calma, sutileza, fotografando os desenhos da parede e derrepente ele virou e me viu. Parou, olhou, se aproximou e sumiu. Continue interagindo com as pessoas que passavam na rua, com os motoristas que buzinavam, que sorriam e modificavam seu estado corporal a partir do meu corpo em movimento. Depois alguns minutos. Virei e lá estava ele me fotografando, sorrindo. Tirou diversas fotos das quais gostaria de ter acesso, mais durante um rodopio do vestido, ele sumiu novamente.
A Vivi me acompanhava através da câmera em movimento, livremente, conforme sua vontade.
Depois escolhemos alguns pontos e uma sequência para filmar. Foi diferente, o video exige outra atenção, consciência e cuidado. Fazer, voltar, diminuir, aumentar o movimento, enfim são coisas que experimentamos para criar o video que será exibido na última Mostra deste edital.

Fomos para a Estação Carlos Gomes e só o fato de serem duas mulheres andando nas ruas do centro da cidade, de manhã, uma de vestido salmão, salto alto e a outra segurando uma câmera, já altera alguns transeuntes que interagem com olhares e comentários.

Chegamos na Estação. É um lugar familiar pois RASTROS já passou por lá. Não tenho autorização da URBS, mais tem um tubo aberto para o desembarque e lá começo minha performance com medo de ser interrompida pelo fiscal, porém ele lembra de mim, sorri e deixa o trabalho acontecer.
Tem muitas pessoas fazendo campanha politica na Praça e uma senhora pergunta pra quem eu estou pedindo voto..rsrs...outro senhor passa feliz da vida gritando Nossa que graciosa! (ele disse graciosa - a palavra que eu mesma uso para descrever o trabalho), fico com vontade de conversar com ele, entrevista-lo para colocar no video, mais a Vivi está filmando e tenho que continuar. Experimentamos várias coisas das quais estou curiosa para ver o resultado. Estou ansiosa para ver o video pronto.
No fim da nossa intervenção, vamos falar com aquele senhor gracioso e para nossa surpresa ele diz coisas surpreendentes pois repete que A ARTE TEM QUE ESTAR NA RUA, QUE AS PESSOAS QUEREM VER E SE ELAS PASSAM E ACHAM QUE É MALUQUICE É PORQUE NÃO TEM MUITO DISSO. TEM QUE TER! TEM QUE TER MAIS INVESTIMENTO! MAIS INCENTIVO. ISSO É MUITO BONITO E VOCÊ É MUITO CORAJOSA...assim termina nossa experiência nesta manhã ensolarada.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Reta final do Edital...

Na quinta dia 23 de setembro ás 14h na Galeria Julio Mota, intervimos no espaço urbano com dança, som e câmera.
Minha orientação para as artistas era sentir, perceber e criar durante a minha intervenção.
É muito bom ter parceiras de criação para compartilhar a experiência, pois uma pesquisa solo é muito dificil, falta aqueles momentos de discussão, trocas e retornos sobre o trabalho.
O som do carron e do caxixe proposto pela Gabi, influenciou e modificou o espaço urbano, meu corpo em movimento e o das pessoas que por ali passavam no momento da ação artística. E, tudo isso influenciou e modificou o som. Tudo é uma troca. Cada item desse interfere e modifica o outro, transformando e sendo transformado.
As reações foram diversas. A Gabriela musicista ganhou um pirulito de um senhor muito alegre. Uma senhora ficou incomoda e perguntou qual era o motivo da festa. Outra dançou junto comigo. Um rapaz ficou por muito tempo no orelhão da Galeria apenas segurando o fone, pois não falava com ninguém, apenas observava a intervenção. Dois e depois três adolescentes sentaram na escada para intervir também.
A Vivi - videomaker, hora se escondia e eu esquecia de sua presença, hora estava encima de mim movendo o corpo para todas as direções e quando eu girava, o vestido rodava, ela, a câmera girava também.

AÇÃO E REAÇÃO NO INSTANTE MOMENTO - CORPO EM MOVIMENTO QUE MOVE O CORPO, A MÚSICA, A CÂMERA, O ESPAÇO E OS TRANSEUNTES.

AÇÃO - REAÇÃO - TRANSFORMAÇÃO

Obrigada Viviane Mortean e Gabriela Bruel por aceitar o convite e contribuir, acrescentar e modificar RASTROS que agora é - intervenção cênica sonora filmada.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Fora de campo - Rumos Dança

Video que me emociona.
Reafirma a importância da ARTE na sociedade.
Necessidade de comunicar através do corpo em movimento.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Vídeodança ou vídeo e dança?

Ontem fiz uma oficina de videodança com Viviane Mortean. Experimentei o movimento de RASTROS com e na câmera e hoje em estúdio crie um roteiro para o video da Mostra.

Quinta ás 14h30 tem intervenção cênica-sonora-captada em imagem na Galeria Julio Mota com Michelle Lomba, Gabriela Bruel, Kamylla Paola e Viviane Mortean.

Reflexões

A Casa Hoffmann é sim o lugar para meu trabalho, pois lá é um espaço mantido pela FCC (dinheiro público) de pesquisa do movimento. Meu trabalho não cabe dentro da estrutura fisica da Casa pois é feito e pensado para rua.


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Dia da Mostra

Dificil esse dia...definitivamente a Casa Hoffmann não é o lugar para esse trabalho e dançar lá é cada vez mais dificil...realmente na próxima Mostra que será nos dias 06 e 07 de outubro, irei mostrar um video das minhas intervenções na rua...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Dia cinzento...

Hoje ás 19h30 é a III Mostra Pública dos residentes da Casa Hoffmann.
Estamos todos nos movimentando para organização desse evento.

De manhã fui ensaiar e ai que dificil...meu corpo doi, fiquei cansada rapidamente, demorei para começar a dançar, demorei para entender o lugar do meu corpo hoje. A catapora realmente me abalou e prejudicou meus trabalhos nos últimos dias. Foi muito dificil mover o corpo hoje, está sendo...
Analisei a sacada, experimentei algumas movimentações e pensei na chuva pois o tempo está mudando e ameaçando um toro...aiaia e se chover??A sacada é descoberta!!Decidi que faço na chuva mesmo. O público fica dentro da Casa me olhando pela janela e eu na sacada na chuva no vento no Largo...hum estou começando a gostar dessa idéia!!

Bem, amanhã é o dia D e veremos como vai ser.


domingo, 12 de setembro de 2010

Na sexta passada, no TUC, aconteceu...



Na sexta passada, véspera de feriado, sim aquele feriado imenso que só atrapalhou a minha vida e trouxe felicidades para a maioria da população, enfim aquela sexta passada dia 03 de setembro ás 10h marquei encontro com a minha orientadora Cristiane Wosniak na Casa Hoffmann e experimentei novos lugares por conta da dificuldade e demora das autorizações da URBS (aquele orgão que me autoriza ou não a fazer minhas intervenções nos tubos de Curitiba).
O local escolhido do dia foi a passagem subterrânea do Largo da Ordem, famosa Galeria do TUC - Teatro Universitário da Fundação Cultural - por ser perto da Casa Hoffmann, o que facilita em muito minha vida (camarim disponível - coisa inexistente em trabalhos "de" e "na" rua), lugar/espaço de passagem com entradas e saídas de pedestres e fluxo constante. E a sacada da frente da Casa Hoffmann, local sugerido pela minha orientadora.
Chego, me troco, coloco o vestido salmão - sim, ele foi definitivamente escolhido como o figurino deste trabalho, neste momento - faço uma maquiagem simples, coloco o par de sapatos de saltos (eles ainda me incomodam) e saio. Antes, defino com a Cris o trajeto - galeria, cerca de 20 minutos e depois sacada mais uns 15min. e por fim a conversa/orientação.
Então, paro na porta da Casa, respiro bem fundo e caminho em direção a galeria. Lá é gelado e um novo lugar, mais escuro, menos exposto, maior porém mais próximo e íntimo dos passantes. Muitos velhos, velhinhos e menos velhos. Todos lindos e sorridentes ao me ver. "Belo vestido" - "Oh coisa boa começar assim a sexta-feira" - "Você gosta de dançar em moça?" - "Bom dia" e "joia", muitas "joias", elas definitivamente entraram para o meu modo de mover/dançar na rua e o meu outro orientador Luiz Fernando Bongiovanni quando perguntou - "se o gesto casual era a proposta ou ora era mais coreografado o movimento e ora mais casual e porquê? Agora respondo - o movimento/gesto é casual, é aquele que qualquer um pode fazer, é aquele que já tem uma identidade, uma familiaridade com o povo da rua e o gesto do dedo polegar "joia" está neste lugar, assim como o abraço, o tchau, a mão debaixo do queixo para tirar foto, a mão direita no peito e a outra no ar para dançar (a famosa "dançadinha" que o Luiz sugeriu), o balançar do quadril e o bater do pezinho quanto toca uma música envolvente. Essa é a cara do RASTROS. Esse é o meu jeito de dançar neste momento/trabalho. E isso me agrada. Me dá resultados satisfatórios pois desde o momento que decidi pela felicidade, pelo bem-estar, pelo sorriso, pelo suspiro, por uma coisa boa, pela dança enquanto contaminação e aproximação das pessoas, isto vem ocorrendo em cada intervenção e com diferentes idades e me faz ter vontade de fazer- dançar mais e mais e mais...

Depois do bombardeio dos retornos - palavras, risadas, gargalhadas, descobertas, olhares - da galeria, fui para a sacada. Lá, no alto, tive a certeza de que RASTROS é para acontecer na rua, ou melhor, em lugares de passagem de pedestre com entradas e saídas bem definidas. O que me interessa mesmo e faz parte do meu trabalho é o fluxo das pessoas e isso é determinante para meu movimento. RASTROS é mais uma coisa que acontece entre tantas outras coisas, é uma imagem bela, graciosa, despretenciosa, não tem começo nem fim pré-determinado, é mútavel, é expontâneo, dura o momento em que acontece e para acontecer é preciso da troca. Ele é, está lá, ali para ser visto ou não, admirado ou não, é uma opcão.

E na sacada foi dificil mover, é pequeno, apertado, alto, distante. DISTANTE. A aproximidade tão esperada e experimentada ali se perdeu, porém, tenho vontade de experimentar mais, de ousar mais, usar mais aquele espaço deslumbrante que vejo a cidade, o centro, as pessoas, o vai e vem e então vou experimentar mais este novo lugar. A SACADA.

e na MOSTRA DO DIA 15 (QUARTA QUE VEM) RASTROS SERÁ NA SACADA...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

III MOSTRA PÚBLICA

DIAS 14 E 15 DE SETEMBRO ÁS 19H30 NA CASA HOFFMANN A III MOSTRA PÚBLICA DO EDITAL DE PESQUISA EM DANÇA CONTEMPORÂNEA DA FUNDAÇÃO CULTURAL DE CURITIBA

RASTROS NA SACADA SERÁ NA QUARTA ÁS 19H30

domingo, 29 de agosto de 2010

Dificuldades de percurso

QUERO FAZER E NÃO POSSO!!
ARTE URBANA, PÚBLICA, DEMOCRÁTICA E DE GRAÇA PRECISA DE AUTORIZAÇÃO??
MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA NA RUA PRECISA DE AUTORIZAÇÃO??

SIM SIM SIM

Já cancelei três intervenções por falta da AUTORIZAÇÃO DA URBS

QUERO FAZER, PRECISO FAZER E VOU FAZER...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Inquietações do dia

Hoje, em estúdio com o Cleber Borges e a Bia Figueiredo, discuti sobre como mostrar o trabalho - RASTROS INTERVENÇÃO URBANA - dentro da Casa Hoffamnn????Tarefa dificil!Como mostrar para o público da Casa o trabalho que faço na rua???
Como estabelecer relações com a rua e a Casa?Aproximidades?EStratégias para propiciar o trânsito das pessoas dentro da Casa??

???????

Como fazer??O quê fazer??Como mostrar??

Tarefa para os próximos dias de investigação...

Palavras de um olhar externo que me emocionou

Michelle movimentando meus pensamentos...
...na suavidade do movimento
a graciosidade e encantamento
no olhar vago e distante
um foco
logo alí.
Tudo pará!
Se depara -
com o eu em movimento
que não pára
só repara
num gesto meigo e
sincero
com o coração em suas mãos!
Leveza
Contemplação
Graciosidade
Poesia velada

aplausos silenciosos
sorriso sincero

Registros - olhar exterior...

Rastros realizado na sacada da Casa Hoffmann no dia 18 de agosto de 2010

Retorno dos olhares externos

"Graciosa, as vezes tímida, que brinca de esconder e mostrar!"

"A beleza e a graciosidade do gesto.
Aguinhas positivas,
redondas, retas,
no espaço-corpo
e sorri ao mesmo
tempo com leveza
e densidade
Gostoso senti você assim,
ao por do Sol,
acontecendo junto ao corpo...a nós"

"O respeito com o seu corpo, amorosidade.
A criança, alguém que flui, que olha, que observa."

terça-feira, 10 de agosto de 2010


QUEM FAZ POESIA TEM QUE LER POESIA! (Daniele ANdrade)

você quer fazer POESIA URBANA?! (Luiz Fernando Bongiovanni)

Em estúdio descobri...

TCHAU ANDANDO DE SALTO ESCONDIDO DA MÃE
PULAR NA ÁGUA BICO DE PAPAGAIO TALVEZ NÃO SEI
FOTO/SORRISO SUSPIRO/SUSPIRO=SUSPIRO DE SUSPIRAR E SUSPIRO DE COMER
DEDOS IGUAIS COME SUSPIRO E PULA
ASSOPRO SOLUÇO NA FAZENDA
ABRAÇO CAMINHADA CRUZADA REQUEBRADO DANÇADINHA
CORAÇÃO TCHAU CARINHO ABRAÇO INVERTIDO
ACHOU ESCONDEU

ORIENTAÇÃO LUIS FERNANDO BONGIOVANNI

porque faço essas escolhas?

qual é o tema?

direcionamento da pesquisa?

dramaturgia em dança?

o quê de dramaturgia tem no meu trabalho?

personagem?

porque o que eu danço é interessante?

o quê de interessante tem no meu trabalho?

qual é o meu assunto principal?

como desenvolvo a fisicalidade para esse trabalho?

se apareceram os movimentos?porque ficaram?

movimento totalmente condicionado ou improvisado?

porque liga e desliga?

MOVIMENTOS CASUAIS X MOVIMENTOS COREOGRAFADOS

PORQUE MISTURAR?ELEGER UM MODO DE DANÇAR?

COMO UM ASSUNTO VIRA MOVIMENTO/DANÇA? E POR QUÊ?

IMAGEM DE PASSAGEM - ESPAÇOS DE PASSAGEM

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

AÇÃO E REAÇÃO





Santa Efigênia

Está deserto. Poucas pessoas passam por aqui no domingo no fim da tarde. Fica dificil me mover sem estímulo, sem som, fluxo, movimento urbano.
.INsisto.
Algumas pessoas passam. Sorrisos.
O improviso é curto. Faz frio. Escurece. Sinto medo.
.Insisto.
Converso com um grupo de jovens sobre outras passarelas no centro de São Paulo. Me interesso por outros lugares.
Sinto uma imensa vontade de voltar em outros dias e horários. Produzir um vídeo-dança - Projeto para um próximo edital.
Domingo grande. Cheio de emoções. Reações. Comentários. Fotos. Vídeos. Caminhadas. ENCANTAMENTO. ENCANTAMENTO.

Viaduto do Chá

São Paulo, domingo - 15h.
Decepção. Chego no Viaduto do Chá e tem carros. Como?Na minha falha memória este lugar era composto apenas de via para pedestre. Fico em dúvida. Penso e tento ir embora. Volto e começo. Decepcionada, desanimada, em dúvida e com raiva pois minha lembrança me enganou.
Meu corpo demora para entender o que está acontecendo. Começo a caminhar e logo ouço Linda. Me assusto pois ainda está tudo confuso, então me concentro e realmente começo. Me movimento, abro e fecho os braços, coloco a mão no queixo, abaixo, coloco a mão no ombro, giro, caminho, olho, fotos, sorrisos, uma senhora - Muito bom te ver aqui!. Um garoto: Você está me seduzindo?. A bicicleta que passa, olha, para, volta e fica, fica até que tudo acabe. A senhora, forte, muito forte que olha de rabo de olho e passa. Me sinto pequena, inútil. Permaneço parada e encantada com aquela imagem. Esta que estão vendo. Um homem: Ei gostei desta dança. Eu digo: Então, DANÇA COMIGO? Sim, ele e eu somos contaminados pela DANçA. E DANÇAMOS...

Passarela Ciccillo Matarazzo


Isto é encantador! A muito tempo este lugar me encanta. Desde a infância passo por aqui e estar aqui me traz muitas lembranças. É realmente encantador poder dançar, mover, contaminar e ser contaminada neste lugar: a Passarela Ciccillo Matarazzo, conhecida como passarela do Ibira - que liga o antigo prédio do Detran com o Parque do Ibirapuera.
Porquê estou aqui? Na primeira Mostra Pública da Casa Hoffmann, a interlocutora convidada Rosemeri Rocha perguntou se o TUBO era realmente o foco do trabalho ou fonte inspiradora para a pesquisa do movimento?! Enfim, aqui estou eu experimentando mover em passarelas de São Paulo a fim de perceber o verdadeiro lugar deste trabalho artístico.
Porquê Passarelas? Encontrei proximidades entre passarelas e tubos. Ambos são espaços para passagens, com entradas e saídas bem definidos onde os transeuntes tem a opção de passar, parar e esperar. No tubo a espera é mais ansiosa, preocupada, desanimadora, enquanto que nesta passarela meio-dia de um domingo de sol, a passagem é prazerosa, tem tempo para fotografar, observar, o corpo está feliz, relaxado, com roupas leves, disponível a olhar o novo, meu corpo em movimento, o vento balançando meu vestido, a troca, eu vejo logo sinto e me movo, fotografo, interfiro, surpreendo, peço para tirar foto, dou tchau, mando beijo, abraço, mais fotos, muitas fotos e movimentos expontâneos.
O ENCANTAMENTO e a MUDANÇA DE ESTADO CORPORAL DOS TRANSEUNTES a partir do meu corpo que dança muito me interessa para a continuidade desta intervenção/interferência cênica urbana RASTROS.
Em ambas as esperiências

terça-feira, 27 de julho de 2010

Acordei

Hoje acordei, acordei pensando nas intervenções..Li novamente tudo que postei aqui neste blog, que bom que ele existe...Pensei no sentido deste trabalho, estou pensando e que bom que ele existe, que bom que não desisti dele e que hoje ele faz parte da minha rotina...As imagens, sons, pessoas que participaram das intervenções ficam comigo em sensações e lembranças.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Intervenção no tubo Carlos Gomes


Segunda-feira (26-07) ás 11h
Saio de vestido roxo. Ele não chama tanta atenção quanto o salmão. Penso e repenso sobre ir de salto ou não. Saio de salto.
Chego e que bom, o fiscal está ciente do trabalho e logo começo.
Ali é um novo lugar para meu corpo que intérvem no espaço, tem tubo para desembarque e separadamente tubo para embarque. O fluxo dos transeuntes é menor, porém o tubo fica na Praça e muitas pessoas passam por ali, umas ficaram sentadas no banco observando e interagindo durante toda a intervenção que durou 30 min.
Hoje, o improviso se deu de forma muito particular pois em alguns momentos me senti atuando. Uma personagem. Uma mulher a procura de algo. Hora feliz, muito feliz. E derrepente uma sensação de abandono, perda. Padrões de beleza passaram pelo meu corpo, pelo meu movimento. Formas corporais e pausas foram constantes. Olhares sensuais. Sedução esteve presente na improvisação.
Indiferença olhar da criança que brilha conversa no banco Que legal isso que você faz!Gostei!Quando tem de novo? Que bonito! piscada de velho mão abaixo do queixo, passos de dança de salão, lembrei das aulas do Jaime AroxÂ, fui contaminada pela final da Dança dos Famosos, dancei valsa, pagode - o som da loja na frente do tubo invadiu minha mente e meu movimento - tive vontade de sambar, não sambei, pensei Qual é realmente o foco deste trabalho?É o BELO? ELE - O BELO é realmente necessário aqui ou ele é só mais um estímulo como todos os outros presentes no tubo? Ou ELE é um pensamento de estética, linguagem ou algo assim, uma preocupação permanente flutuante? Experimento diversos movimentos a partir do impulso da estrutura do tubo, fico com vntade de intervir de tênis e utilizar mais essa estrutura, ousar, surpreender, causar de maneira... (bem não sei) vou pensar nisso nas próximas intervenções. Dúvidas?Questões? É bom mover!Muito bom! As sensações, impressões permanecem no corpo.

Impressões da intervenção na Estação Central


23 de Julho de 2010 ás 15h na Estação Central sentido Term. Capão Raso
Que figurino usar?Vestido salmão?Vestido roxo?Calça, blusa e all star?Saia jeans (já foi usada em diversas intervenções).
Decido ir de vestido salmão pois em uma das respostas sobre o quê é belo, alguém respondeu: Mulher de vestido, desabrochar de rosas rosas...
Saio da minha casa, caminho até a Estação Central, é perto, as pessoas olham. Estranho uma mulher de vestido de festa salmão caminhando a tarde.
Chego, o cobrador não deixa eu entrar pois o fiscal foi tomar um cafézinho, espero o cobrador, perco 15 min. ali aguardando. Observo e sou observada no meio de tantas pessoas que entram e saem daquele tubo transparente. Uma criança: Mamãe que moça bonita!(sorrimos). O cobrador faz várias perguntas ansioso e curioso pelo o que vai acontecer. O fiscal chega, diz que não sabe de nada, embora eu esteja com a autorização da URBS na mão, ele liga e diz OK. Eu entro, caminho lentamente, as pessoas olham, sinto vontade de sorrir, sorrir sempre. As vendedoras da loja em frente o tubo saem para a porta, batem palma, eu me movo para um lado para o outro, movimento os braços, muitas vezes os braços, sinto dificuldade de dançar com o salto (primeira vez que danço de salto), o chão tem buracos, não desliza, enfim continuo...giro, caminho, abaixo, levanto, movo conforme sou influenciada, sons, fluxo, rostos, partes do corpo e o belo, as respostas do que é belo passam pela minha mente invadindo o meu movimento - Lolo, velho sentado no banco da praça, minha mãe, tudo o que me toca, meu cachorrinho acordando com cara de quem quer ficar mais na cama, as coisas do coração, tomar sorvete em dia quente, criança - eu danço, danço, danço...compartilho sorrisos...meninas dentro do ônibus parado no tubo da frente gritam lindaaaaaaa, fico surpresa, elas tiram foto e dançam dentro do ônibus. Paro, olho, sinto, sinto o vento, muito vento que balança o vestido, o vestido salmão que escolhi para intervir naquele espaço no dia de hoje. O barulho, o barulho dos carros, das pessoas, dos ônibus, vozes, passos, mecher na sacola, catraca e olhos em dúvida. Olhos que olham enquanto eu não olho, olhos que olham para os meus olhos, olhos que querem olhar mais só olham quando entram no ônibus, olhos dos ônibus, olhos da rua, das lojas, dos carros. Vejo crianças no tubo da frente me imitando enquanto meu corpo se move meio todos esses acontecimentos, sensações, emoções. Eles dançam, sim algumas pessoas experimentam algum movimento diferente enquanto compartilham comigo e com os outros aquele momento de movimento. Paro, observo, dou e recebo sorrisos, respiro, caminho e saio. Agradeço o cobrador engraçadão que falou sobre durante toda a intervenção, o fiscal e caminho até minha casa.

Histórico da pesquisa artística



Em 2007, cursando Licenciatura em Teatro na FAP - Faculdade de Artes do Paraná, surgiu o interesse pelas estações-tubo de Curitiba. Aquelas coisas grandes, transparentes, mutáveis, hora lotado, hora um vazio que te engolhe.
Então, nasceu o primeiro trabalho Casa_Estrada_Eu, na estação-tubo Agrárias.
Algum tempo adormecido, em 2009, o tubo vira motivação para a criação e improviação em Dança Contemporânea e o pensamento acerca do corpo em movimento.
Ainda em 2009, o Projeto Rastros - intervenção cênica urbana, integra a programação da Mostra Sesc de Artes Universitárias no tubo Visconde de Nácar e o Festival de Cultura do Paraná na Estação Central. E, bexigas coloridas são incluídas no trabalho deixando rastros do corpo que dança nas estações-tubo.
Agora em 2010, contemplado pelo Edital de Pesquisa em Dança Contemporânea da Fundação Cultural de Curitiba, Rastros está sendo pesquisado, explorado, discutido e improvisado na Casa Hoffmann - centro de estudo do movimento e em diversos tubos de Curitiba e viadutos de São Paulo.